Nesta quarta-feira, dia 20 de março, o CONSEMA – Conselho Estadual de Meio Ambiente realizará uma Audiência Pública em Atibaia para analisar a ampliação da Subestação de Transmissão de Energia Fernão Dias, localizada no Bairro Boa Vista. A reunião acontecerá na sede do SEST SENAT no bairro Caetetuba, a partir das 17h.
Segundo Marli Romanini, assessora de imprensa do MAS – Movimento dos Atingidos por Subestação do Bairro Boa Vista, “pela primeira vez, o megaempreendimento será objeto de uma audiência pública desta proporção na cidade, apesar de todo o impacto negativo que vem causando para a população e ao meio ambiente do seu entorno há mais de quatro anos”.
Ainda segundo o MAS, a Subestação provoca ruído perturbador constante percebido até 4km de distância; riscos de poluição eletromagnética não verificada, estouros, chiados e cheiro de queimado trazendo o temor de incêndio e explosão; danos à infraestrutura do entorno, poluição das águas com enxurradas de lama nos ribeirões e severos danos à paisagem do bairro que se degrada constantemente. “O empreendimento reúne um pool de megaempresas responsáveis pela infraestrutura de transmissão de energia gerada no Norte do país e distribuída para diversas regiões, são elas: Mata de Santa Genebra Transmissora (MSG), Copel, Neoenergia-Iberdrola, Celeo-Cantareira, TSM-Alupar e ISA-CETEEP”, afirma o movimento.
“Após anos sem ter informações claras, a comunidade local se organizou através do MAS, que captou quase 700 assinaturas via abaixo-assinado. De acordo com o MAS, não há contrapartidas robustas para a região mais afetada e tampouco a energia de alta tensão transformada no local serve o município. Segundo o MAS, o poder público local demonstra timidez ao tratar do assunto. A Audiência Pública discutirá a implantação de uma nova linha de transmissão rumo a Mairiporã, saindo num traçado agressivo desde o Boa Vista, passando por Três Pistas, Caioçara, Sul Brasil e Maracanã, entre outros bairros”, diz.
“Essa audiência só acontecerá por causa da pressão da população, cansada de sofrer com o ruído incessante causado pelos equipamentos da Subestação”, dizem os representantes do MAS. Os moradores do bairro temem que o ruído dos equipamentos seja amplificado, bem como as ondas eletromagnéticas oriundas da transmissão de energia. “Até hoje, estamos no escuro, isto é, sem dados de eletromagnetismo, pois as empresas não informam”, observam os voluntários do movimento.
“Além disso, a expansão do empreendimento foi prevista sem que os impactos tenham sido devidamente avaliados ou mitigados, e a despeito da realização de um estudo que será feito pela UNICAMP. Estudo analisará impactos Como resultado das denuncias ao IBAMA e ao MPF e por meio de uma determinação do Ministério de Minas e Energia (MME) ocorrida no final de 2023, a MSG – Mata de Santa Genebra, empresa que gerencia a Subestação, contratou a UNICAMP com o objetivo de pesquisar e buscar soluções para mitigar os impactos causados pelo empreendimento, de modo a preservar a saúde mental e física da população local. Isto porque muitos deles já apresentam dificuldades para dormir, quadros de dor de cabeça e dentes, ansiedade, depressão e pânico, entre outros sintomas e distúrbios físicos e mentais. No entanto, as empresas ainda não comunicaram oficialmente os moradores, nem explicaram como se dará o estudo”, alerta o MAS.
“O MAS vem lutando incansavelmente por providências em relação ao barulho da Subestação, por meio de reuniões, reclamações nas Ouvidorias das empresas, reportagens e pressão sobre autoridades e órgãos públicos. Tudo isso culminou na realização de uma impactante audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo em outubro de 2023. Sensibilizado com a causa, o deputado estadual Carlos Giannazi passou a pressionar o MME e também oficiou a OMS (Organização Mundial de Saúde) junto com a deputada federal Luciene Cavalcante, ambos do PSOL, além de reforçar a denúncia junto ao Ministério Público Federal (MPF)”, lembra.
“Não iremos desistir, pois temos uma realidade dura, em que moradores não conseguem mais sossego para se concentrar em tarefas durante o dia ou relaxar e descansar após um dia de trabalho. Além disso, temos descoberto que esse panorama se repete em outras localidades do país, onde mais gente está se sentindo obrigada a conviver calada com Subestações barulhentas e torturantes como vizinhança”, dizem os moradores.
Finalizando, o MAS afirma que, além do barulho, a Unicamp também deverá medir o efeito de ondas eletromagnéticas, que podem trazer outros danos à saúde da população.