A primeira Delegada de Polícia Civil do Estado de São Paulo, Dra. Ivanete Oliveira Velloso, começou a atuar como Policial Civil ainda na década de 60, quando era praticamente impensável para uma mulher não ser dona de casa.

Ivanete enfrentou dois grandes desafios: o preconceito, por ser mulher, e a dificuldade de conciliar a carreira com a rotina de cuidar da casa e dos filhos: Arthur Velloso Júnior, Giancarlo Oliveira Velloso e Eliane Oliveira Velloso.

Ainda assim, garante ela, a experiência nos 45 anos de carreira foi realizadora.

“Todas as dificuldades eram superadas pelo amor à profissão e em saber que poderia mudar a vida de alguém. Também quando sabemos que fizemos um bom trabalho, solucionamos um crime e trouxemos justiça para aquela vítima, a satisfação pessoal e da equipe é imensurável”, comenta.

“Eu sou uma apaixonada pela polícia”, diz a Dra. Ivanete Velloso

A professora primária se tornou investigadora em 1964, quando decidiu investir na carreira de delegada. Tornou-se bacharel em direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e prestou o concurso para delegado duas vezes. “A primeira vez que fui fazer a prova, eu estava no final da gravidez do meu primeiro filho e fiquei esperando das 12h até 20h para fazer o exame porque acharam que havia vazado o gabarito”, lembra Ivanete.

As dificuldades não a impediram de realizar seu desejo em 1974. Ela tomou posse em 75, junto de outros 21 delegados.

Durante sua atuação como delegada, ela nunca saiu da Grande São Paulo, mesmo assim, transferências não faltaram. “Houve um período de uns cinco anos que eu mudei umas dez vezes de delegacia, eu não aguentava mais levar minhas plantas de um lugar para outro”, brinca ela.

De um estágio na delegacia de menores, Ivanete foi para o Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado), onde trabalhou na repressão de entorpecentes. Além de muitos distritos policiais, passou por duas Delegacias da Defesa da Mulher (DDM), inaugurou a 1ª Delegacia do Idoso, na Capital, foi para São Bernardo do Campo atuar na Delegacia do Meio Ambiente e voltou para trabalhar no Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).

Ivanete conta que foi muito difícil para uma mulher trabalhar na delegacia de entorpecentes. “Na década de 70 não tinha muita apreensão, mas víamos muitos jovens com drogas e suas mães iam lá, sofriam em ver os filhos num estado ruim, meu coração sentia demais”.

Em 1985, no governo de Franco Montoro e por iniciativa do então secretário da Segurança Pública, Michel Temer, instaura-se a primeira Delegacia de Defesa da Mulher. No ano seguinte, Ivanete foi para a DDM de Santo Amaro, onde ficou por três anos e meio. “Havia muitos casos de incesto e lá eu via as mulheres sofrendo por amor. Acabava fazendo um papel de assistente social, como acontece até hoje nas DDMs.”, disse a delegada.

O seu exemplo foi seguido por outras mulheres. Após a posse de Ivanete Velloso em 1975, elas se tornaram cada vez mais presentes na polícia paulista.

Com informações da SSP

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Márcio Costa, jornalista e radialista, inicia sua carreira em 1983 como locutor noticiarista em Sorocaba. Em Atibaia, em 1988, implanta um formato inovador na FM local com entrevistas e transmissões ao vivo. Em São Paulo, atuou em rádio e televisão por mais de 25 anos. Em 2015, cria o jornal g8.