Por meio de uma determinação, o Ministério de Minas e Energia (MME) intimou a MSG – Mata de Santa Genebra,  empresa que gerencia a Subestação de Transmissão de Energia Fernão Dias, em Atibaia, a buscar soluções para mitigar os impactos causados pelo empreendimento sobre a população do bairro Boa Vista. Assim, a MSG se comprometeu a firmar um contrato com a Unicamp para avaliar o problema.

    O MME foi acionado pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) em conjunto com o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP), ambos atuando em defesa dos moradores do entorno da Subestação, que há quase quatro anos sofrem diariamente com um ruído incessante causado pelos equipamentos.

    Além da pesquisa em torno dos impactos causados pelo empreendimento, o projeto com a Unicamp deve ter o objetivo de buscar formas de mitigação, de modo a preservar a saúde mental e física da população local. Isto porque muitos deles já apresentam dificuldades para dormir, quadros de ansiedade, depressão e pânico, entre outros sintomas e distúrbios mentais.

    “A determinação de um projeto de pesquisa representa um reconhecimento gigantesco do problema do ruído, ou seja, de que o mesmo provoca um enorme incômodo às nossas vidas e, além disso, reconhece que algo precisa ser feito para corrigir”, celebra Lilian Alves Schröder, representante do MAS – Movimento dos Atingidos por Subestação. Segundo ela, até aqui, as empresas que integram o “pool” que atua na Subestação (Neoenergia, Alupar, ISA-CETEEP, Celeo-Cantareira e incluindo a MSG) utilizavam argumentos de que o ruído estava dentro das normas vigentes de poluição sonora.

    “Insistimos muito na necessidade de um estudo mais rigoroso por parte de uma universidade, justamente para comprovar o quão perturbador o barulho, aparentemente de baixa frequência, é para nossos ouvidos e, inclusive, para os animais domésticos e silvestres que vivem vizinhos ao empreendimento”, completa ela.

    Há cerca de três anos, o MAS vem lutando por providências em relação ao barulho da Subestação, por meio de reuniões, reclamações nas Ouvidorias das empresas, reportagens e pressão sobre autoridades como IBAMA e ANEEL. Tudo isso culminou com a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo, a convite do professor e deputado Carlos Giannazi, em outubro passado, com a presença e manifestação de moradores do entorno. Na ocasião, o parlamentar prometeu acionar o Ministério de Minas e Energia e também acompanhou integrantes do Movimento em uma das reuniões no Ministério Público Federal (MPF).

    Enquanto isso, o MAS continua buscando outras formas de encaminhar as demandas dos moradores. “Não iremos desistir, pois temos uma realidade dura, em que moradores não conseguem mais sossego para se concentrar em tarefas durante o dia ou relaxar e descansar após um dia de trabalho.

    Além disso, temos descoberto que esse panorama se repete em outras localidades do país, onde mais gente está se sentindo obrigada a conviver calada com Subestações barulhentas e torturantes como vizinhança”, diz.

    O barulho, semelhante a uma grande bomba de poço ligada, é variável de leve a intenso e produzido inclusive durante os finais de semana, dia e noite. “Há famílias inteiras que passaram a sentir dores de cabeça, moradores que se mudaram do bairro, mães de crianças com deficiência que não sabem se o ruído está impactando no comportamento de seus filhos. Além disso, um trabalhador não merece chegar em casa ao final do dia tenso sem saber o nível de ruído que vai experimentar aquela noite adentro. Só isso já é uma espécie de tortura”, acrescenta. Moradores que estão num raio de até 4 quilômetros de distância do empreendimento são impactados, aparentemente, conforme a intensidade de funcionamento dos equipamentos e a posição do vento, umidade ou algum outro tipo de condução levando o ruído.

    Além do barulho, a professora e deputada Luciene Cavalcante oficiou ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, solicitando também a necessidade de a pesquisa da universidade medir o efeito de ondas eletromagnéticas, que podem trazer outros danos à saúde da população.

    Por Marli Romanini

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    Márcio Costa, jornalista e radialista, inicia sua carreira em 1983 como locutor noticiarista em Sorocaba. Em Atibaia, em 1988, implanta um formato inovador na FM local com entrevistas e transmissões ao vivo. Em São Paulo, atuou em rádio e televisão por mais de 25 anos. Em 2015, cria o jornal g8.