O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) quer informações do governo paulista sobre o afastamento de policiais civis por doenças mentais, como depressão, Síndrome de Burnout e ansiedade. Um ofício neste sentido foi protocolado na semana passada, na Secretaria de Estado de Segurança Pública. De posse dos dados, o sindicato pretende abrir discussão acerca do tema e propor políticas públicas de prevenção e de cuidado com a saúde dos trabalhadores da Polícia Civil.

    No documento, o sindicato solicita informações sobre licenças médicas de diversas carreiras (delegados, investigadores, escrivães, entre outras), nos anos de 2021, de 2022 e de 2023, e o quanto deste total se relaciona a tratamento de saúde mental (problemas psicológicos, psiquiátricos, etc). O Sindpesp quer saber, ainda, que tipo de auxílio o Estado oferece no que tange ao acolhimento da saúde mental dos policiais civis. O estado tem até 30 dias para enviar as respostas.

    De acordo com o sindicato, casos recentes envolvendo a saúde mental de policiais reafirmam a preocupação do Sindpesp. “Na manhã de quinta-feira, dia 18, ao tentar intervir numa briga, um sargento da Cavalaria da Polícia Militar (PM) da capital foi morto a tiros por um policial civil, em São José dos Campos-SP. A vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. Na segunda-feira, dia 15 de maio, dois PMs foram mortos num quartel por um colega de trabalho, em Salto, cidade do interior paulista. Já na madrugada de domingo, dia 14, um policial civil matou quatro colegas numa Delegacia do Ceará”.

    Segundo a presidente do Sindpesp, Jaqueline Valadares, ambas instituições, Civil e Militar, são submetidas a altas doses de estresse no dia a dia, o que pode levar ao aumento das tensões e ao adoecimento. A delegada joga luzes, inclusive, no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022. “De acordo com o copilado, o número de suicídios entre policiais civis e militares no Brasil cresceu 55% entre 2020 e 2021, sendo que o estado de São Paulo concentra a maior parte dos registros do País, com 23,7%:

    No estado de São Paulo, policiais estão no limite do esgotamento mental provocado pelo estresse. E isso é resultado de uma série de fatores: situação de trabalho precária, sobrecarga, pouco descanso e escalas exaustivas – uma vez que faltam 16 mil policiais na ativa – além de ausência de lazer e de convívio com a família, só para citarmos algumas questões”, lamenta Jacqueline.

    “A baixa remuneração também impacta na qualidade de vida do servidor da Polícia Civil. Jacqueline lembra que São Paulo está entre os estados que pagam os piores salários do Brasil para a instituição. Entre os 27 estados da federação, São Paulo está em 24º lugar em remuneração para o delegado de Polícia”, exemplifica a presidente do sindicato.

    Para o Sindpesp, todos estes fatores podem estar potencializando o número de suicídios e de afastamento de policiais por motivos de doença mental, o que não pode ser negligenciado pelo poder público. “Igualmente preocupante são os recentes ataques em Delegacias e em Batalhões do Brasil por parte de policiais – o que sinaliza descontrole e ausência de condições plenas para a atuação profissional. Por isso, a entidade quer ter acesso aos números oficiais quanto a casos de depressão, de Síndrome de Burnout, de ansiedade e de suicídios entre os policiais, para sugerir a tomada de providências”.

    “Precisamos abrir discussão quanto à temática e propor melhores políticas públicas de prevenção e de cuidado com a saúde mental da Polícia Civil. Do jeito que está, não pode ficar. Temos lutado, na qualidade de sindicato, por melhores condições de trabalho para o policial, o que incluiu estrutura e salário. Não será diferente quanto à saúde mental de nossos agentes”, finaliza.

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    Márcio Costa, jornalista e radialista, inicia sua carreira em 1983 como locutor noticiarista em Sorocaba. Em Atibaia, em 1988, implanta um formato inovador na FM local com entrevistas e transmissões ao vivo. Em São Paulo, atuou em rádio e televisão por mais de 25 anos. Em 2015, cria o jornal g8.